sexta-feira, 8 de maio de 2009

Carta aos Pais - Rubem Alves

Também sou pai e portanto compreendo. Vocês querem o melhor para o filho, para a filha. A melhor escola, os melhores professores, os melhores colegas.
Vocês querem que filhos e filhas fiquem bem preparados para a vida. A vida é dura e só sobrevivem os mais aptos. É preciso ter uma boa educação.
Compreendo, portanto, que vocês tenham torcido o nariz ao saber que a escola ia adotar uma política estranha: colocar crianças deficientes nas mesmas classes das crianças normais. Os seus narizes torcidos disseram o seguinte:
Não gostamos. Não deveria ser assim! O problema começa com o fato de as crianças deficientes serem fisicamente diferentes das outras, chegando mesmo, por vezes, a ter uma aparência esquisita. E isso cria, de saída, um mal-estar... digamos... estético. Vê-las não éuma experiência agradável. É preciso se acostumar... Para complicar há o fato de as crianças deficientes serem mais lerdas: elas aprendem devagar. As professoras vão ser forçadas a diminuir o ritmo do programa para que elas não fiquem para trás. E isso,evidentemente, trará prejuízos para nossos filhos e filhas, normais, bonitos, inteligentes. É preciso ser realista; a escola é uma maratona para se passar no vestibular. É para isso que elas existem. Quem fica para trás não entra... O certo mesmo seria ter escolasespecializadas, separadas, onde os deficientes aprenderiam o que podem aprender, sem atrapalhar os outros.
Se é assim que vocês pensam eu lhes digo: Tratem de mudar sua maneira de pensar rapidamente porque, caso contrário, vocês irão colher frutos muito amargos no futuro. Porque, quer vocês queiram quer não, o tempo se encarregará de fazê-los deficientes.
É possível que na sua casa, num lugar de destaque, em meio às peças de decoração, esteja um exemplar das Escrituras Sagradas. Via de regra a Bíblia está lá por superstição. As pessoas acreditam que Deus vai proteger. Se assim fosse, melhor que seguro de vida serialevar uma Bíblia sempre no bolso. Não sei se vocês a lêem. Deveriam. E sugiro um poema sombrio, triste e verdadeiro do livro de Eclesiastes. O autor, já velho, aconselha os moços a pensar na velhice. Lembra-te do Criador na tua mocidade, antes que cheguem osdias das dores e se aproximem os anos dos quais dirás:
"Não tenho mais alegrias..." Antes que se escureça a luz do sol, da lua e das estrelas e voltem as nuvens depois da chuva... Antes que os guardas da casa comecem a tremer e os homens fortes a ficar curvados... Antes que as mós sejam poucas e pararem de moer... Antes que a escuridão envolva os que olham pelas janelas... Antes que as pessoasse levantem com o canto dos pássaros... Antes que cessem todas as canções... Então se terá medo das alturas e se terá medo de andar nos caminhos planos... Quando a amendoeira florescer com suas flores brancas, quando um simples gafanhoto ficar pesado e as alcaparras não tiverem mais gosto... Antes que se rompa o fio de prata e se despedace a taça de ouro e se quebre o cântaro junto à fonte e se parta a roldana do poço e o pó volte à terra... Brumas, brumas, tudo são brumas... (Eclesiastes 12: 1-8)
Os semitas eram poetas. Escreviam por meio de metáforas. Metáfora é uma palavra que sugere uma outra. Tudo o que está escrito nesse poema se refere a você, a mim, a todos. Antes que se escureça a luz do sol... Sim, chegará o momento em que os seus olhos nãoverão como viam na mocidade. Os seus braços ficarão fracos e tremerão no seu corpo curvo. As mós - seus dentes - não mais moerão por serem poucos. E a cama pela manhã, tão gostosa no tempo da mocidade, ficará incômoda. Você se levantará tão cedo quanto ospássaros e terá medo de andar por não ver direito o caminho. É preciso ser prudente porque os velhos caem com facilidade por causa de suas pernas bambas e podem quebrar a cabeça do fêmur. Pode até ser que você venha a precisar de uma bengala. Por acaso os moinhos pararão de moer? Não, os moinhos não param de moer. Mas você parará de ouvir. Você está surdo. Seu mundo ficará cada vez mais silencioso. E conversar ficará penoso. Você verá que todos estão rindo. Alguém disse uma coisa engraçada. Mas você não ouviu. Você rirá, não por ter achado graça, mas para que os outros não percebam que você está surdo.
Você imaginou uma velhice gostosa. E até comprou um sítio com piscina e árvores. Ah! Que coisa boa, os netos todos reunidos no "Sítio do Vovô", nos fins de semana! Esqueça. Os interesses dos netos são outros. Eles não gostam de conviver com deficientes. Eles não aprenderam a conviver com deficientes. Poderiam ter aprendido na escola mas não aprenderam porque houve pais que protestaram contra a presença dos deficientes.
A primeira tarefa da educação é ensinar as crianças a serem elas mesmas. Isso é extremamente difícil. Fernando Pessoa diz: Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim. Freqüentemente as escolas esmagam os desejos dascrianças com os desejos dos outros que lhes são impostos. O programa da escola, aquela série de saberes que as professoras tentam ensinar, representa os desejos de um outro, que não a criança. Talvez um burocrata que pouco entende dos desejos das crianças. Épreciso que as escolas ensinem as crianças a tomar consciência dos seus sonhos!
A segunda tarefa da educação é ensinar a conviver. A vida é convivência com uma fantástica variedade de seres, seres humanos, velhos, adultos, crianças, das mais variadas raças, das mais variadas culturas, das mais variadas línguas, animais, plantas, estrelas... Conviver é viver bem em meio a essa diversidade. E parte dessa diversidade são as pessoas portadores de alguma deficiência ou diferença. Elas fazem parte do nosso mundo. Elas têm o direito de estar aqui. Elas têm direito à felicidade. Sugiro que vocês leiam umlivrinho que escrevi para crianças, faz muito tempo: Como nasceu a alegria. É sobre uma flor num jardim de flores maravilhosas que, ao desabrochar, teve uma de suas pétalas cortada por um espinho. Se o seu filho ou sua filha não aprender a conviver com a diferença, com os portadores de deficiência, e a ser seus companheiros e amigos, garanto-lhes: eles serão pessoas empobrecidas e vazias de sentimentos nobres. Assim, de que vale passar no vestibular?
Li, numa cartilha de curso primário, a seguinte estória: Viviam juntos o pai, a mãe, um filho de 5 anos, e o avô, velhinho, vista curta, mãos trêmulas. Às refeições, por causa de suas mãos fracas e trêmulas, ele começou a deixar cair peças de porcelana em que a comida era servida. A mãe ficou muito aborrecida com isso, porque ela gostava muito do seu jogo de porcelana. Assim, discretamente, disse ao marido: Seu pai não está mais em condições de usar pratos de porcelana. Veja quantos ele já quebrou! Isso precisa parar... O marido, triste com a condição do seu pai mas, ao mesmo tempo, sem desejar contrariar a mulher, resolveu tomar uma providência que resolveria a situação. Foi a uma feira de artesanato e comprou uma gamela de madeira e talheres de bambu para substituir a porcelana.Na primeira refeição em que o avô comeu na gamela de madeira com garfo e colher da bambu o netinho estranhou. O pai explicou e o menino se calou.
A partir desse dia ele começou a manifestar um interesse por artesanato que não tinha antes. Passava o dia tentando fazer um buraco no meio de uma peça de madeira com um martelo e um formão. O pai, entusiasmado com a revelação da vocação artística do filho, lhe perguntou: O que é que você está fazendo, filhinho? O menino, sem tirar os olhos da madeira, respondeu: Estou fazendo uma gamela para quando você ficar velho...
Pois é isso que pode acontecer: se os seus filhos não aprenderem a conviver numa boa com crianças e adolescentes portadores de deficiências eles não saberão conviver com vocês quando vocês ficarem deficientes. Para poupar trabalho ao seu filho ou filha sugiro que visitem uma feira de artesanato. Lá encontrarão maravilhosas peças de madeira...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Altruísmo


Altruísmo nada mais é que ter a atitude generosa para com o próximo sem esperar nada em troca, simplesmente por se sentir bem.



Agora olhando a imagem você não precisa se sentir uma pessoa despropositada na vida, ajude com um sorriso, com um gesto, com uma palavra e compaixão. Será que você consegue?


A Mais Bela Oração Pela Natureza




Ó Deus, nós te damos graças por este universo, nosso lar; pela sua vastidão e riqueza, pela exuberância da vida que o enche e da qual somos parte.
Nós te louvamos pela abóbada celeste e pelos ventos, grávidos de bênçãos, pelas nuvens que navegam e as constelações, lá no alto.
Nós te louvamos pelos oceanos, pelas correntes frescas, pelas montanhas que não se acabam, pelas árvores, pelo capim sob os nossos pés.
Nós te louvamos pelos nossos sentidos: poder ver o esplendor da manhã, ouvir as canções dos namorados, sentir o hálito bom das flores da primavera.
Dá-nos, rogamos-te, um coração aberto a toda esta alegria e a toda esta beleza, e livra as nossas almas da cegueira que vem da preocupação com as coisas da vida e das sombras das paixões, a ponto de passar sem ver e sem ouvir até mesmo quando a sarça, ao lado do caminho, se incendeia com a glória de Deus.
Alarga em nós o senso de comunhão com todas as coisas vivas, nossas irmãs, a quem deste esta terra por lar, juntamente conosco.
Lembramo-nos, com vergonha, de que no passado aproveitamos do nosso maior domínio e dele fizemos uso com crueldade sem limites, tanto assim que a voz da terra, que deveria ter subido a ti numa canção, tornou-se um gemido de dor.
Que aprendamos que as coisas vivas não vivem só para nós; que elas vivem para si mesmas e para ti, que elas amam a doçura da vida tanto quanto nós, e te servem, no seu lugar, melhor que nós no nosso.
Quando chegar o nosso fim, e não mais pudermos fazer uso deste mundo, e tivermos de dar nosso lugar a outros, que não deixemos coisa alguma destruída pela nossa ambição ou deformada ela nossa ignorância.
Mas que passemos adiante nossa herança comum mais bela e mais doce, sem que lhe tenha sido tirado nada da sua fertilidade e alegria, e assim nossos corpos possam retornar em paz para o ventre da grande mãe que os nutriu e os nossos espíritos possam gozar da vida perfeita em ti.
(Do livro Orações por um mundo melhor, PAULUS, 1997.)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (Luís de Camões)


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança,Tomando sempre novas qualidades.
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Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades.
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O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto.
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E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.
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Luís de Camões

O amor no século da pressa (por Luis Fernando Veríssimo)

Quem não gosta de ser amado? Ser paparicado? Receber atenção especial, presentinhos e beijinhos doces? Quem não gosta de surpresinhas gostosas, beijo na boca e abraços apertados? Quem é que de livre e espontânea vontade prefere a solidão a uma boa companhia? Ora, todo mundo quer uma boa companhia e de preferência para o todo sempre
Mas conviver com essa "boa companhia" diariamente por 3, 5, 10, 15, 25 anos que é o difícil. No começo dos relacionamentos e até 1 ano de vida amorosa, tudo são mais ou menos flores, (se o seu relacionamento tem menos de um ano e já é mais de brigas e discussões, caia fora dessa fria).
Não adianta você dizer depois de três meses que "encontrou o amor de sua vida", porque o amor precisa de convivência para ser devidamente testado.
Nesse mundo maluco e agitado, as pessoas estão se encontrando hoje, se amando amanhã e entrando em crise depois de amanhã.
Uma coisa frenética e louca que tem feito muita gente, que se julgava equilibrada, perder os parafusos e fazer muita besteira.
Paixão, loucura e obsessão, três dos mais perigosos ingredientes que estão crescendo nos relacionamentos de hoje em dia por causa da velocidade das informações e o medo de ficar sozinho.
As pessoas não estão conseguindo conviver sozinhas com seus defeitos, vícios e qualidades, e partem desesperadamente para encontrar alguém, a tal da alma gêmea, e se entregam muitas vezes aos primeiros pares de olhos que piscam para o seu lado.
Vale tudo nessa guerra, chat, carta, agência, festas e até roubar o parceiro de alguém.
É uma guerra para não ficar sozinho. Medo? Com medo de se encarar no espelho e perceber as próprias deficiências? Com medo de encarar a vida e suas lutas? Então a pessoa consegue alguém (ou acha que está nascendo um grande amor), fecha os olhos para a realidade e começa a viver um sonho, trancado em si mesmo.
Nos quartos e no seu egoísmo a pessoa transfere toda a sua carência para o (a) parceiro (a), transfere a responsabilidade de ser feliz para uma pessoa que na verdade ela mal conhece.
Então, um belo dia, vem o espanto, a realidade, o caso melado, o "falso amor" acaba, e você que apostou todas as suas fichas nesse romance fica sem chão, sem eira nem beira, e o pior: muitas vezes fica sem vontade de viver.
Pobre povo desse século da pressa! Precisamos urgentemente voltar o costume "antigo" de "ter tempo", de dar um tempo para o tempo nos mostrar quem são as pessoas.
Namorar é conhecer, é reconhecer, é a época das pesquisas, do reconhecimento... Se as pessoas não se derem um tempo, não buscarem se conhecer mais, logo em breve teremos milhares de consultórios lotados de "depressivos" e cemitérios cada vez mais cheios de suicidas "seres cansados de si mesmos...".
Faça um bem para si mesmo e para os outros: quando iniciar um relacionamento procure dar tempo para tudo. Passeie muito de mãos dadas, converse mais sobre gostos e preferências, conheça a família e mostre a sua, descubra os hábitos e costumes.
Parece careta demais? Que nada, isso é a realidade que pode salvar o relacionamento e muitas vidas. Pense nisso e, se gostar, passe essa mensagem para frente. Quem sabe se juntos, não ajudamos alguém carente de amor a encontrar um motivo para ser feliz? Muita pretensão? Não. É vontade de te ver feliz.,

Lágrimas Ocultas (Florbela Espanca)

Lágrimas Ocultas
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Se me ponho a cismar em outras erasEm que ri e cantei, em que era q'rida, Parece-me que foi noutras esferas,Parece-me que foi numa outra vida...
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E a minha triste boca dolorida Que dantes tinha o rir das Primaveras,Esbate as linhas graves e severas E cai num abandono de esquecida!
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E fico, pensativa, olhando o vago...Toma a brandura plácida dum lago O meu rosto de monja de marfim...
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E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguém as vê brotar dentro da alma! Ninguém as vê cair dentro de mim!
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Florbela Espanca

Se Depois de Eu Morrer, Quiserem Escrever a Minha Biografia



Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Não há nada mais simples Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.
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Sou fácil de definir. Vi como um danado. Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma. Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei. Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver. Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras; Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento. Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
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Um dia deu-me o sono como a qualquer criança. Fechei os olhos e dormi. Além disso, fui o único poeta da Natureza.
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Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" Heterónimo de Fernando Pessoa

A Minha Alma Partiu-se


A minha alma partiu-se como um vaso vazio. Caiu pela escada excessivamente abaixo. Caiu das mãos da criada descuidada. Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.

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Asneira? Impossível? Sei lá! Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu. Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

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Fiz barulho na queda como um vaso que se partia. Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada. E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

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Não se zanguem com ela. São tolerantes com ela. O que era eu um vaso vazio?

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Olham os cacos absurdamente conscientes, Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.

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Olham e sorriem. Sorriem tolerantes à criada involuntária.

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Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas. Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros. A minha obra? A minha alma principal? A minha vida? Um caco. E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.

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Álvaro de Campos, in "Poemas" Heterónimo de Fernando Pessoa

Às Vezes Tenho Idéias Felizes


Às vezes tenho idéias felizes, Idéias subitamente felizes, em idéias E nas palavras em que naturalmente se despegam...

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Depois de escrever, leio... Por que escrevi isto? Onde fui buscar isto? De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu... Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...

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Álvaro de Campos, in "Poemas" Heterónimo de Fernando Pessoa

A Melhor Maneira de Viajar é Sentir
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Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir. Sentir tudo de todas as maneiras. Sentir tudo excessivamente, Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas E toda a realidade é um excesso, uma violência, Uma alucinação extraordinariamente nítida Que vivemos todos em comum com a fúria das almas, O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

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Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas, Quanto mais personalidade eu tiver, Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver, Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas, Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento, Estiver, sentir, viver, for, Mais possuirei a existência total do universo, Mais completo serei pelo espaço inteiro fora. Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for, Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo, E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.

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Cada alma é uma escada para Deus, Cada alma é um corredor-Universo para Deus, Cada alma é um rio correndo por margens de Externo Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.

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Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito,

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Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo! Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande, As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam

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Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra. Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso. Todo o Mundo com a sua forma visível do costume Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,

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Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.

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Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva! Mãe verde e florida todos os anos recente, Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal, Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis Num rito anterior a todas as significações, Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales! Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões, Grande voz acordando em cataratas e mares, Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança, Em cio de vegetação e florescência rompendo Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso A tua própria vontade transtornadora e eterna! Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados, Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones, Mãe caprichosa que faz vegetar e secar, Que perturba as próprias estações e confunde Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!

*

Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino! Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima Volteia serpenteando, ficando como um anel Nevoento, de sensações reminescidas e vagas, Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso. Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente Meu coração a ti aberto! Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático, Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos, Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre,

*

Sou um monte confuso de forças cheias de infinito Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço, A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo, Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas, Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.

*

Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo. Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão, No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.

*

Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima, Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo De chamas explosivas buscando Deus e queimando A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica, A minha inteligência limitadora e gelada.

*

Sou uma grande máquina movida por grandes correias De que só vejo a parte que pega nos meus tambores, O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis, E nunca parece chegar ao tambor donde parte...

*

Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si, Cruzando-se em todas as direções com outros volantes, Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.

*

Dentro de mim estão presos e atados ao chao Todos os movimentos que compõem o universo, A fúria minuciosa e dos átomos, A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos, A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,

*

A chuva com pedras atiradas de catapultas De enormes exércitos de anões escondidos no céu.

*

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma. Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode, Freme, treme, espuma, venta, viola, explode, Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge, Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida, Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes, Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos, Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!

*

Álvaro de Campos, in "Poemas" Heterónimo de Fernando Pessoa

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Cora Coralina - Saber Viver

Saber Viver

Não sei...
Se a vida é curta Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela Não seja nem curta, Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar

Cora Coralina

Frases dos Doutores da Alegria

Quando sair de casa, não esqueça a sua alegria dentro do armário.
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Os Doutores da Alegria advertem: rir em excesso pode causar bem-estar.
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Quando sentir a preocupação no ar, assopre para longe.
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Para viver com alegria, a receita é retomar o bom humor de 2 em 2 horas.
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Respeite o seu ritmo: recarregue as baterias periodicamente.
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Mau-humor tem cura: sorria!
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Quando fizer os desejos para o Ano Novo, lembre-se da diversão.
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Consulte sempre o seu bom-humor. É de graça, faz bem e não tem espera.
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Bom-humor não pode faltar na sua dieta.
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Não é só anestesia que espanta a dor. Rir também.
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Ninguém precisa de cirurgia para trocar de humor.
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Que a sua próxima reunião seja de amigos.
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Ao persistirem os sintomas do tédio, risadas deverão ser provocadas.
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Quando a criança dentro de você quiser sua atenção, não resista.
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Faça chuva ou faça sol, tire férias.

Helen Keller


A vida de Helen Adams Keller é impressionante! Cega e surda desde criança, ela lutou arduamente para se integrar na sociedade. Se tornou uma célebre escritora, filósofa e conferencista, reconhecida pelo seu trabalho incessante em prol do bem-estar das pessoas portadoras de deficiências.
Algumas frases extraídas de suas obras são:
- “Não há melhor maneira de agradecer a Deus pela visão, do que dar ajuda a alguém que não a possui”;
- “Se metade do dinheiro hoje gasto em curar cegueira fosse utilizado em preveni-la, a sociedade ganharia em termos de economia, sem mencionar considerações de felicidade para a humanidade”;
- “Que toda criança cega tenha oportunidade de receber educação, e todo adulto cego, uma oportunidade para treinamento e trabalho útil”;
- “Quando uma porta de felicidade fecha-se, uma outra se abre; mas, muitas vezes, nós olhamos tão demoradamente para a porta fechada que não podemos ver aquela que se abriu diante de nós. É maravilhoso ter ouvidos e olhos na alma. Isto completa a glória de viver”;
- “Atraímos sobre nós sofrimentos desnecessários quando exageramos a extensão da nossa dor”;
- “Não peçamos tarefas iguais às nossas forças, mas forças iguais às nossas tarefas";
- “Muitos olham para dentro de si e nada encontram e disto concluem que também fora deles nada existe";
- “Não há barreiras que o ser humano não possa transpor”.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Restos do Carnaval


Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.
E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.
Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.
Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - à idéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.
"Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Humano, demasiado humano

“Todo hábito tece em torno de nós uma teia sempre mais sólida de fios de aranha; e logo percebemos que os fios se tornaram lagos e que nós mesmos ocupamos o centro, como uma aranha que se prendeu a si e que deve viver de seu próprio sangue. É por isso que o espírito livre odeia todos os hábitos e regras, todo o duradouro, o definitivo, é por isso que recomeça sempre, com dor, a romper em torno dele a teia: embora deva sofrer em conseqüência de muitos ferimentos, pequenos e grandes – pois é dele próprio, de seu corpo, de sua alma, que deve arrancar esses fios. Deve aprender a amar onde odiava e vice-versa. Não deve até mesmo ser impossível para ele semear os dentes do dragão no campo onde recentemente fazia correr os chifres da abundância. Disso se pode concluir se ele é feito para a felicidade do casamento”.
Nietzsche

SER MULHER

Nasci mulher, é fato
Gameta indiscutível,
Cometa irremediável,
Soneto jamais escrito.
Cresci menina, concordo,
De pernas cruzadas,
Cabelos alinhados,
Pelos depilados.
Vivi madura, é certo.
Aprendi a traçar os olhos,
A disfarçar as lágrimas,
A não borrar a maquiagem.
Sonhei criança, feliz.
Escrevi meus passos,
Acreditei nos planos,
Colhi meus frutos.
Provoquei emoções, faz parte.
Ensinei meus truques,
Repiquei batuques,
Batalhei com arte.
Briguei na vida, gritei.
Enfoquei os problemas,
Resolvi os teoremas,
Me entreguei a poemas.
Quebrei espelhos, de raiva.
Escondi a dor,
Distribuí amor,
Superei o tempo.
Amei demais, está em mim.
Mulher sem amor não existe.
Atraí desejos, por capricho,
Ou não, por pura paixão.
Caminhei e caí, me ergui.
E não pretendo mudar.
Arregacei as mangas tantas vezes,
Que já sei desenrolar.
Mas ... quer saber ?
É uma delícia ser mulher !
Não troco por nada, por ninguém.
Volto assim mil vezes, se puder.
E quando o véu da noite,
De inveja e despeito me levar,
Que o amor que distribuí,
Os frutos que plantei,
venham, enfim, me regar.
(Lilian Maial)

Plenitude


Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.

Lya Luft : Canção na plenitude

Não tenho mais os olhos de menina nem corpo adolescente, e a pelet ranslúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins.(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria, busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor, com mais paciênciae não menos ardor, a entender-tese precisas, a aguardar-te quando vais,a dar-te regaço de amante e colo de amiga, e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem — retornam, cujas correntes ocultas não levam destroços mas o sonho interminável das sereias.
O texto acima foi extraído do livro "Secreta Mirada", Editora Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.

O que é então a verdade?

O que é então a verdade? Uma multidão movente de metáforas, de metonímias, de antropomorfismos, em resumo, um conjunto de relações humanas poeticamente e retoricamente erguidas, transportadas, enfeitadas, e que depois de um longo uso, parecem a um povo firmes, canoniais, e constrangedoras: as verdades são ilusões que nós esquecemos que o são, metáforas que foram usadas e que perderam a sua força sensível, moedas que perderam o seu cunho e que a partir de então entram em consideração, já não como moeda, mas apenas como metal.
Nietzsche, O Livro do Filósofo, p.94

Dependerá de Nós


Dependerá de nós chegarmos dificultosamente a ser o que realmente somos. Nós, como todas as pessoas, somos deuses em potencial. Não falo de deuses no sentido divino. Em primeiro lugar devemos seguir a Natureza, não esquecendo os momentos baixos, pois que a Natureza é cíclica, é ritmo, é como um coração pulsando. Existir é tão completamente fora do comum que se a consciência de existir demorasse mais de alguns segundos, nós enlouqueceríamos. A solução para esse absurdo que se chama “eu existo”, a solução é amar um outro ser que, este, nós compreendemos que exista.
Clarice Lispector
Compromisso
Dê sempre o melhor...E o melhor virá!
Às vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas...Perdoe-as assim mesmo!
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta e interesseiro...Seja gentil assim mesmo!
Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros...Vença assim mesmo!
Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo...Seja honesto e franco assim mesmo!
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra...Construa assim mesmo!
Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja...Tenha paz e seja feliz assim mesmo!
O bem que você faz hoje, pode ser esquecido amanhã...Faça o bem assim mesmo!
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante...Dê o melhor de você assim mesmo!
E veja você que, no final das contas, é entre você e DEUS...Nunca foi entre você e eles!
Texto: Madre Teresa de Calcutá

As crianças são quase sempre felizes, porque não pensam na felicidade. Os velhos são muitas vezes infelizes, porque pensam demasiadamente nela.
Paolo Mantegazza

O Silêncio das Janelas


CONFISSÃO
Que esta minha paz e este meu amado silêncioNão iludam a ninguémNão é a paz de uma cidade bombardeada e desertaNem tampouco a paz compulsória dos cemitériosAcho-me relativamente felizPorque nada de exterior me acontece...Mas,Em mim, na minha alma,Pressinto que vou ter um terremoto!
Mário Quintana

Você Aprende - William Shakespeare

Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar a alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo, você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam. E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que leva anos para se construir confiança e apenas um segundo para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer, mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você fez na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam. Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Começa a aprender que não deve comparar-se com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que leva muito tempo para tornar-se a pessoa que quer, e que o tempo é curto. Aprende que não importa aonde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajuda a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas, do que quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que, se porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar atrás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida. Nossas dádivas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.”
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄ƷShakespeareƸ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

๑(•ิ.•ั)๑ Geovana ๑(•ิ.•ั)๑

O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Clarice Lispector

Desejos de Alexandre o Grande manifestados à hora da morte:
Quando à beira da morte, Alexandre convoca seus Generais e seu Escriba e relata seus três últimos desejos: .
Que seu caixão seja transportado pelas mãos dos mais reputados Médicos da época;
Que sejam espalhados no caminho até seu túmulo, seus tesouros conquistados (prata, ouro);
Que suas duas mãos sejam deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.
Um dos seus Generais, admirado, pergunta a Alexandre a razão destes.
Alexandre explica então:
Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão, para mostrar aos presentes que médicos NÃO têm poder de cura nenhum perante a morte;
Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros p/que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;
Quero que minhas mãos balancem ao vento, para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos, de mãos vazias partimos.

Quem não sabe prestar contas de
três milênios Permanece nas
trevas ignorante,
E vive o dia que passa
JOHANN WOLFGANG GOETHE

Será a verdade cômoda?
Será a verdade incômoda?
Será a verdade filha da necessidade
e por isso mãe da realidade?
Será o homem uma criação de Deus
ou Deus uma criação da humanidade?

Criador ou criatura?
Tutor ou tutelado?

Talvez cego lesado
levado a crer no que precisa
para aceitar o que não pode ser mudado

Criador ou criatura?
Inocente ou culpado?

Talvez a verdade seja uma questão de ponto de vista
e a mentira um ser mutável
que igual à larva da borboleta com o tempo torna-se aceitável
Ficando a critério de cada um escolher a sua verdade,
A mais agradável.

CRIADOR OU CRIATURA, por Jarbas Leite de Albuquerque
(Historiador em Natal –RN)
Eu gostaria de te falar as palavras mais profundas que tenho para ti; mas não me atrevo,porque poderias rir de mim. Então eu me rio de mim mesmo e diluo o meu segredo em brincadeiras. Caçôo da minha dor, para que não caçoes tu...
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Eu gostaria de te dizer as palavras mais verdadeiras que tenho para ti; mas não me atrevo, porque poderias não me acreditar. Então eu as disfarço em mentiras, dizendo o contrário do que eu gostaria. Torno absurda a minha dor, para que não o faças tu...
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Eu gostaria de usar as palavras mais preciosas que tenho para ti; mas não me atrevo, porque poderias me pagar com palavras de igual valor. Então eu te falo com rudeza e caçôo de ti com a minha força endurecida. Eu te maltrato, para que jamais conheças a minha dor...
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Eu gostaria de sentar-me ao teu lado, em silêncio; mas não me atrevo, para que o meu coração não me saia pela boca. Então eu fico tagarelando e brincando, escondendo o meu coração por trás das palavras. Controlo duramente a minha dor; para que não a controles tu..."
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Eu gostaria de sair do teu lado; mas não me atrevo, pois temo que assim ficarias conhecendo minha covardia.Então eu levanto a cabeça e chego distraído a tua presença.E tu, com os Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒinsistentes golpes dos teus olhos , sempre renovas a minha dor..."(TAGORE) Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ

Pegue seu "sorriso"
E presenteie a quem nunca teve um.
Descubra uma "fonte"
e banhe quem vive na lama.
Use sua "valentia"
Para dar força e ânimo a quem não sabe lutar.
Tenha "esperança"
E viva em sua luz.
Descubra o "amor"
E passe a conhecer o mundo.
Pegue um "raio de sol"
E faça-o brilhar onde reina a escuridão.
Pegue uma "lágrima"
E ponha-a no rosto de quem nunca chorou.
Descubra a "vida"
E ensine-a a quem não sabe entendê-la.
Pegue sua "bondade"
E dê-a a quem não sabe dar!
Gandhi
Decifra-me
Não venha me falar de razão,Não me cobre lógica,Não me peça coerência,Eu sou pura emoção.Tenho razões e motivações próprias,Sou movido por paixão,Essa é minha religião e minha ciência.Não meça meus sentimentos,Nem tente compará-los a nada,Deles sei eu,Eu e meus fantasmas,Eu e meus medos,Eu e minha alma.....Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia" Nietzsche